PROJETOS

1) PROJETO DE VIDA

Como  pretendemos realizar:
          O objetivo do projeto da Aldeia Tabaçu Reko Ypy é construir 2 ambientes projetados pela comunidade para união e fortalecimento das praticas tradicionais cotidianas e adaptativas, trazendo melhor conforto e durabilidade sem agredir a visão da paisagem natural.

O projeto está dividido em 2 ambientes nomeadas como:

Ambiente 1 - Aldeia tradicional (NHANDEREKOA YMÃ) e;
Ambiente 2- Aldeia contemporânea (NHANDEREKOA KOAY).

No Ambiente 1 - Estamos construindo as ocas tradicionais de palha diante de pesquisa e o querer dos mais velhos que impressionantemente descreveram as ocas e suas posições arquitetônica como eram no século XVI, reprodução da comunidade tupinambá do qual somos remanescentes. Nesse lugar serão feitas reuniões da comunidade e receberemos convidados de outras aldeias para realizar ritos da tradição, canto, danças, histórias ao pé do fogo, utilização de utensílios tradicionais e manuseio de matérias primas, plantios, e outras atividades cotidianas que nossos antepassados praticavam resgatando a memoria em encontros dos mais velhos,  fortalecendo a língua tupi guarani e ensinamentos através da oralidade e frequência na oy guatsu (casa grande sagrada) .

No Ambiente 2 - Estamos construindo o aldeamento de forma circular com base na permacultura e bioconstrução, misturando a construção tradicional indígena com as tecnologias sustentáveis de hoje, serão construídos nesse ambiente as moradias das famílias, casa do artesanato, casa da medicina indígena, oca de reuniões, cozinha comunitária, museu da história da terra, as plantações coletivas, a sede da futura associação da aldeia, escola indígena, posto de saúde, salão de encontros e cursos, tanque de peixe, galinheiro coletivo, orquidário, campo de futebol, pomar de frutas nativas, pomar de frutas adaptativas, horta de plantas medicinais, reflorestamento com árvores cujo seu fruto ou utilidade venha resgatar o uso tradicional, entre outras construções que possibilitará os membros da comunidade a se organizarem socialmente sem deixar sua raiz cultural. Importante enfatizar o nosso objetivo de que a aldeia seja uma grande referência de receptivo turístico e pedagógico (Museu Vivo), com isso, além de criarmos alternativas de geração de renda baseadas nas práticas culturais e a comercialização dos produtos dentro de nosso habitat, estaremos promovendo a inclusão social da comunidade indígena, combatendo o preconceito, a discriminação de raça, de etnia e de condição econômica. Estamos incentivando as práticas tradicionais a fim de fortalecer as raízes tradicionais da comunidade, possibilitando aos jovens indígenas o aumento de sua autoestima e o orgulho de se autodenominar indígenas. Fortalecer nossas raízes para que nossos filhos tenham um futuro de harmonia com a mãe natureza é tudo que precisamos. Nosso DEUS (NHANDEDJARY) nos dá de acordo com nossos atos e em nossos corações a união entre irmãos de todas as raças é o que fortalece nossa alma e nosso espírito, pois acreditamos que nós seres do Planeta Terra, existimos para cuidar uns dos outros!


Quando começou a iniciativa:
          
O resgate cultural, como foi dito, começou em 2004, mas como as dificuldades foram muitas, recomeçamos diversas vezes. Em maio de 2012, conseguimos este novo aldeamento, a Aldeia Tabaçu Rekoyky, segue histórico e andamento:

1ª etapa concluída: A liderança Dora reuniu o grupo interessado e propôs a criação de um novo aldeamento a fim de continuar o projeto já que o cacique havia cancelado qualquer atividade referente ao mesmo. O grupo aceitou e abriu mão até mesmo de viver no conforto, pois acabara de ser aprovado o projeto minha casa minha vida no qual os mesmos haviam sido contemplados, mas a preocupação em perder suas raízes e a harmonia com a natureza foi o principal motivo para saírem com a roupa do corpo e acampar no novo espaço para realizar esse projeto de grande importância, iniciando o aldeamento Tabaçu Reko Ypy "o renascer da grande aldeia";

2ª etapa concluída: Formalizamos perante a FUNAI e SESAI o aldeamento;

3ª etapa concluída: A partir de 26 de maio de 2012 iniciamos a aldeia onde Fizemos reuniões para organizar as atividades pautando prioridades e meios de conseguir ajuda; Percorremos e mapeamos a área; Realizamos 2 encontros somente com indígenas para levantar informações sobre a tradição para organização do projeto; Escrevemos e desenhamos os 2 ambientes de construções do aldeamento;

4ª etapa concluída: Construção da Okaruçu (local sagrado que protege a "Tataruçu katu" - O Grande Fogo Sagrado. Tem o simbolismo igual a casa sagrada (OY GUATSU), de reuniões e união da comunidade, porém difere dela por ser aberta, semelhante a um quiosque, sendo o coração da Aldeia e local mais importante para a comunidade local; 

5ª etapa concluída: Casas individuais emergenciais de madeira cedido pelo Projeto TETO, construídas na área contemporânea em forma circular ao entorno da Okaruçu;

6ª etapa concluída: Construção em madeira da cozinha comunitária;

7ª etapa em andamento: O que já começamos nessa sétima etapa:
Atividade 1 – Mutirão para arrumar a estrada de acesso à aldeia;
Atividade 2 – Mutirão para plantios diversos;
Atividade 3 – Início da construção da Aldeia Tradicional (NHANDEREKOA YMÃ);
Atividade 4 – Buscar doações, parceiros e captação de recursos para comprar barro, equipamentos, ferramentas e acessórios de construção;
Atividade 5 – Mutirão para retirada das madeiras;
Atividade 6 – Mutirão para coleta de palha; 
Atividade 7 – Mutirão para construção de banheiros ecológicos;
Atividade 8 – Início da construção da escola.



Por que a comunidade decidiu realizar essa iniciativa?:

          Desde 2004 iniciamos um trabalho de fortalecimento tradicional do nosso povo. Recomeçamos a iniciativa com a liderança Kunhã Dju Dora Dina. A Aldeia TABAÇU REKO YPY é um dos mais novos aldeamentos da terra indígena Piaçaguera, a aldeia foi criada em 26 de maio de 2012 especificamente com os propósitos desse nosso projeto de Resgate Cultural, pois a luta para realizar essa iniciativa de fortalecimento já vem sendo modelada e realizada desde 2009 na aldeia Nhamandu Mirim, mas infelizmente, depois de muitas atividades terem sido realizadas, houve a troca de cacique, onde o mesmo cancelou todas as atividades, impedindo o grupo envolvido a dar continuidade nesse propósito de resgate cultural, pois sua liderança focava apenas na parte esportiva não tradicional. Como houve interesse em continuar o projeto e diante ao respeito do mandato do cacique, o grupo mobilizou-se resolvendo recomeçar, formando esse novo aldeamento, fortalecendo nossas ideias e formalizando cuidadosamente normas para que esse propósito de fortalecimento e organização social, torne-se o lema desta nova Aldeia, para que esses propósitos sejam passados de pais para filhos e que os novos filhos sigam preocupados com a perda total das raízes e assim dando continuidade com a força do nosso DEUS (NHANDEDJARY).


As maiores dificuldades para a realização desta iniciativa cultural e como buscamos enfrentá-las: 

O dinheiro é fundamental e faz muita falta, pois, infelizmente dependemos dele para realizar muitas coisas, os mutirões, por exemplo, temos que fazer “vaquinha” como dizem, para comprar os alimentos;
Pedimos doações para comprar as ferramentas;
Juntamos de pouco em pouco para comprar o barro argiloso e barrear algumas ocas, pois não temos a matéria prima em nosso território, nosso solo é muito arenoso. Conseguimos comprar um pouco de barro, mas no momento estamos juntando dinheiro para custear um carreto e buscar a palha tradicional e de qualidade, a matéria prima também é escassa em nosso território.
Essas e outras dificuldades são enfrentadas em muitas aldeias, forçando indígenas a agredir a visão da paisagem natural cercando e cobrindo suas moradias com plásticos, restos de telhas, panos e outros. Enfrentamos essas dificuldades sempre unidos e cada família da o melhor de si para conseguir o recurso financeiro.


O que pretendemos alcançar com esta iniciativa “Projeto de Vida”:

          Fortalecer nossas raízes para que nossos filhos tenham um futuro de harmonia com a mãe natureza. Esperamos uma maior união de nossa etnia com o fortalecimento das praticas tradicionais arquitetônicas e de saneamento ambiental sem agredir o ambiente e a visão da paisagem natural. Possibilitar os membros desta e de outras comunidades a se organizarem socialmente. Criar alternativas de geração de renda baseadas nas práticas culturais, promovendo a inclusão social da comunidade indígena, combatendo o preconceito, a discriminação de raça, de etnia e de condição econômica, possibilitando aos jovens indígenas o aumento de sua autoestima e o orgulho de se autodenominar indígenas e incentivar nossa língua tradicional. Dedicando todo nosso esforço para fortalecer:
 :: 
·        Terras e territórios indígenas;
·        Religião, rituais e festas tradicionais;
·        Educação e processos próprios de transmissão de conhecimentos;
·        Meio ambiente e sustentabilidade das culturas indígenas;
·        Medicina indígena;
·        Arquitetura indígena;
·        Memória e patrimônio;
·        Museus;
·        Outras formas de expressão próprias da cultura tupi guarani.