Situação Ambiental
da Comunidade
Nossa área foi
desmatada e explorada pela antiga mineradora que ali funcionava antes da
reocupação indígena. A Terra Indígena Piaçaguera está dentro da
vegetação de restinga que ainda predomina desde a areia da praia até a
entrada da Serra do Mar. Caracterizada por uma vegetação densa com arbustos e
árvores, a Mata de Restinga ou Jundú (termo indígena que significa “mata ruim
de acesso”) é encontrada sempre onde há solo arenoso. Existem animais para
caçar, não em abundância, pois a mineradora e seu funcionamento afugentou os
animais para longe; temos na área pequenos rios e lagoas para pesca. A terra
não é boa para plantação, precisa de uma preparação da terra antes do plantio.
É possível buscar alguns produtos na mata como: taquara, cipó, palmito e
outros; nós cultivamos plantas ornamentais medicinais, mandioca,
palmito juçara, algumas árvores frutíferas e iniciamos o cultivo de arvores que
consideramos exclusivamente importante para o uso tradicional como jenipapo,
urucum e pau-brasil. Em nossa Aldeia ainda não temos nascentes próximas, tendo que depender do abastecimento de água que vem da cidade. Temos uma grande lagoa feita pela mineradora, onde usamos somente para banho e recreação, pois como a lagoa foi formada pela mineradora, não sabemos ao certo a composição
química da água.
Interferências de
fora que ameaçam a situação socioambiental da comunidade
Uma rodovia corta a
terra indígena dividindo em gleba A e B, já ocorreram vários atropelamentos
alguns seguidos de mortes trágicas de animas silvestres e também de indígenas.
Já fizemos manifestações e documentos para ser construída uma passarela e ainda
não tivemos nenhuma resposta.
Descrição do espaço em que vivemos
Nem todos os
recursos naturais disponíveis são suficientes para a manutenção das práticas
culturais da comunidade, como exemplo, não temos a palha/sapé adequada para a
construção das ocas sendo necessária a coleta em outra aldeia, tendo muitas
vezes que custear carreto e alimento para o mutirão. A terra não é adequada para
plantação, pois é área muito arenosa de solo ácido e precisa de muita preparação antes do
plantio, por isso, muitas vezes temos que comprar terra fértil, adubos, usando
também de técnicas agrícolas modernas para conseguir obter algum resultado no
plantio dos alimentos como milho, mandioca, palmito, batata doce entre outros.
Atualmente estamos fazendo compostagem e
usando para adubar nossas plantações.
Alguns Problemas
O grande problema que
enfrentamos é com relação à assistência municipal e federal, pois a terra indígena
está localizada nas divisas dos municípios Itanhaém e Peruíbe e quando pedimos
assistência um joga para o outro e acaba que nenhum atende, principalmente com
relação a socorro médico emergencial SAMU, não temos posto de saúde, não temos
escola Indígena (prédio escolar, materiais didáticos específicos, recursos áudio visuais entre outros recursos), não recebemos
cesta básica, a estrada de acesso é ruim. Há também dificuldades no acesso a energia elétrica, linha telefônica, dificuldade na
comercialização de artesanato, fiscalização territorial, dentre outros.
Situação das
línguas faladas na comunidade
Como nosso objetivo
é o Resgate Cultural, fortalecer nossa língua é uma de nossas metas. Os mais
velhos estão tentando tornar fluente a linguagem tradicional falando e
ensinando no dia-a-dia aos jovens e crianças, pois a língua da comunidade
corre risco de deixar de ser falada, pois ainda fala-se muito o português. As
crianças da aldeia estudam apenas na escolinha indígena da comunidade, pois tiveram que deixar de estudar nas escolas da cidade por motivo de dificuldade de acesso e pelo grande preconceito que enfrentavam diariamente por parte de alunos e professores.